Tô no ensino médio e não sei o que aconteceu com as pessoas da escola secundária (vou pra escola estadunidense). Tenho uma amiga que era uma valentona e agora q ela não tá fazendo bullying comigo, ela odeia alguém mais e quer fazer bullying com ele.

  • Daemon Silverstein@calckey.world
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    26 days ago

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    Terminei o ensino médio há 12 anos (estou com três décadas de idade). Não sei o que aconteceu com meus ex-colegas e, sendo bem sincero, nem quero saber, haha. Meu último contato com alguns dos já então ex-colegas era a rede do Zuckerberg onde encerrei minha conta faz tempo.

    O que eu escuto sobre o ambiente escolar de hoje em dia é que o bullying agora tem um alcance mais amplo. Digo, na minha época (sempre noto um fio de cabelo branco nascendo toda vez que eu digo essa frase), a internet ainda estava no começo da popularização, os celulares ainda eram aqueles Nokia tijolão (ou, então, aquele celular da guitarrinha) e redes sociais eram Orkut, MSN, ICQ, Yahoo Messenger e um Facebook surgindo. O bullying, portanto, se limitava ao mundo material, embora não se limitasse às fronteiras do ambiente escolar (exemplo: quantas vezes eu sofri bullying nas ruas próximas à escola, mesmo muitas vezes saindo pela porta da diretoria apesar de as inspetoras não gostarem que eu saísse por lá mas nada faziam com relação aos bullyings).

    Não iam até em casa, porque ali haviam adultos pra proteger das outras crianças, então a casa era um ambiente mais ou menos seguro nesse sentido. Hoje, com a internet como extensão do mundo material, o bullying está chegando na casa das pessoas.

    Não sei o que é pior: o bullying físico mas limitado às adjacências da escola, ou o bullying que alcança esse tijolo brilhante que passamos a carregar diariamente, bem como deixando marcas digitais, ecos no ciberespaço.

    Hoje adulto, o bullying que sofro é outro: o do capitalismo, que quer que eu me submeta diariamente aos desígnios de um suíno riquinho que detém pra si os meios de produção pra eu poder ter o direito de comer e ter um teto. Com esse bullying, o bullying que sofri no passado escolar é uma distante lembrança traumática pra mim, sobreposta pelos traumas da contemporaneidade (distopia tecnológica, mudanças climáticas, cristofascismo em ascensão gradualmente tratorando todas as conquistas que com muito esforço tivemos por direitos e inclusão inclusive de pessoas neurodivergentes, etc).

  • I Cast Fist@programming.dev
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    25 days ago

    Na minha turma do ensino médio não tinha bully, mas tinha os encrenqueiros de sempre. Sei que um deles deve ter virado pastor, pois era filho de pastor, esse filho da puta era um imbecil total, provavelmente ainda é. O que a irmã dessa praga (mesma turma) tinha de feia, tinha de manipuladora também, capaz que também seja pastora hoje. Um outro encrenqueiro desse grupo virou PM em Goiás. A última que ouvi falar, que não era desse grupo mas que também era uma canalha manipuladora, a “pinguim” (ela odiava esse apelido, mas merecia, pois era baixinha, gorda, nariguda e RUIM!, igual o vilão do batman) fez bariátrica, rinoplastia e virou advogada (ou seja, continua sendo RUIM).

    Isso eu só sei porque um amigo meu da época vira e volta ve as coisas no instagram e essas notícias são de antes da pandemia. A gente se formou em 2007 (antes das redes sociais darem uma dimensão muito maior ao bullying). Nem sei se esse meu amigo ainda tá no grupo de whatsapp da turma (eu saí em 2015, quando o Cristiano Araújo morreu, porque eu chamei a “pastora” e todas as amiguinhas dela de hipócritas, falsas e arrogantes por acharem ruim que eu reclamei delas compartilharem as fotos do cadaver)

    Minha recomendação: saia do tiktok e instagram[1], não acompanhe a turma da escola em qualquer plataforma que seja. Apenas mantenha contato com quem você fizer amizade.


    1. Eu sei que, hoje em dia, é mais fácil falar do que fazer, especialmente pra vocês jovens, que vêem essas plataformas como lugares cheios de “coisas que vou perder”. O problema é exatamente esse, essas coisas te enganam, nada ali realmente vale a sua sanidade, o seu bem estar real. Não tem nada lá que tenha o valor que você acha que tem. A única coisa que pode ter valor é alcance, APENAS SE algum trabalho que você vier a fazer precisar desse alcance. Ainda assim, interações reais no mundo real sempre vão ser mais valorizadas. ↩︎

    • Daemon Silverstein@calckey.world
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      25 days ago

      @[email protected] @[email protected]

      Minha recomendação: saia do tiktok e instagram, Eu sei que, hoje em dia, é mais fácil falar do que fazer, especialmente pra vocês jovens, que vêem essas plataformas como lugares cheios de “coisas que vou perder”. O problema é exatamente esse, essas coisas te enganam, nada ali realmente vale a sua sanidade, o seu bem estar real. Não tem nada lá que tenha o valor que você acha que tem.

      Aqui existe um problema que vai além da participação ativa em redes sociais: a participação não-consentida.

      Até lembro de ter visto um artigo em alguma comunidade de Privacidade aqui pelo fioverso (tentei achar mas sequer lembro o título do fio, ou a instância, só lembro o nome “Privacy” da comunidade) que versava sobre como as pessoas viraram “câmeras de vigilância que andam”. O artigo comentava, dentre outros exemplos, sobre aquele caso do casal no show do Coldplay (que eu particularmente nem sei o que aconteceu porque não me aprofundei nessa história pois não gosto de coisa de fofoca) e como os efeitos daquela situação foram potencializados pela forma como as câmeras das redes sociais são onipresentes.

      Podemos também mencionar casos onde as redes sociais propagaram um boato sobre uma pessoa apenas para revelar-se um boato, mas cujas consequências se estenderam ao mundo físico, incluindo vidas.

      Não participo das redes mainstream, mas com certeza existem fotos, falas e postagens minhas por lá, principalmente dos meus familiares. Para que eu pudesse solicitar a remoção do conteúdo, eu teria de ter uma conta nessas redes em primeiro lugar (acessar qualquer postagem do Facebook ou Instagram inexoravelmente leva à página de login). Sem minha manifestação de presença não-consentida daquela minha foto na plataforma, a foto continuará ali.

      Pra piorar a situação, não há muito como determinar o consentimento da presença de pessoas em uma foto/vídeo. Exemplo: uma pessoa transmitindo uma live enquanto caminha por uma rua movimentada irá, inevitavelmente, filmar centenas de pessoas sem suas autorizações; com a moda do “ser influencer”, sequer é possível saber qual o canal e plataforma onde meu rosto foi parar se eu vejo uma pessoa aleatória fazendo uma live onde estou). Alguém pode argumentar “a rua é pública”, mas quando o rosto é, hoje, chave para muita coisa (de gov.br a bancos), é quase como uma afronta à segurança alheia a filmagem em público.

      Daí tem o ambiente escolar. A escola pode até tentar banir celulares, proibir seus alunos de usarem durante as aulas, ou até mesmo durante toda presença nas dependências da escola, mas isso não vai evitar os “jeitinhos brasileiros” como, por exemplo, câmeras escondidas ou dois celulares (um escondido). Também não vai evitar o conteúdo já produzido, filmagens que já foram feitas sem autorização e postadas nas redes.

      É complicado porque não parece sequer haver uma solução pra isso.

  • Kras Mazov@lemmygrad.ml
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    25 days ago

    Tão vivendo a vida deles normal, enquanto eu to tendo que lidar com as consequências desse bullying até hoje anos depois. É horrível, mas pelo menos terapia ajuda.